Esse texto é dedicado à todos aqueles que em algum momento já se questionaram, se culparam, acharam que algo estava errado, quando num momento em que se idealiza o dever de estar feliz, também sentiram outras coisas.
Sabe quando a gente conquista algo que desejou?
Quando vai morar sozinho, compra um carro novo, uma casa, compra uma viagem que desejou muito, ganha mais dinheiro do que imaginava que um dia ganharia, vai visitar a família (essa é clássica para os imigrantes), ou qualquer outra experiência que te venha aí a mente agora…
São situações e contextos, na maioria das vezes, felizes sim. Mas a felicidade, também na grande maioria das vezes, não existe sozinha. E ela também não é o único sentimento possível.
E o dever de nos sentir felizes pode ser uma cilada, justamente porque ele não nos deixa sermos genuinamente felizes.
Porque a felicidade genuína pode ser acompanhada de medo, de nostalgia, de alívio…
Nem todo mundo que sai da casa dos pais vai se sentir feliz num primeiro momento. Nem todo mundo que ganha dinheiro, vai se sentir só feliz com isso.
Nem tudo que é bom, é tão simples de sustentar na vida.
A felicidade pode coexistir com a elaboração de um luto, de uma parte que fica, quando algo é conquistado.
Não se sentir só feliz, pode não ter ligação nenhuma com a desimportância da situação pra gente.
A felicidade pode vir sozinha, pode vir acompanhada. Pode vir depois, pode demorar para aparecer, pode vir tímida… felicidade não é uma coisa só. E ela é válida e real, de todos os jeitos.
Há pouco tempo, vivi uma conquista que sonhei e desejei muito. Com todas as minhas forças. Um empenho de anos para realizar. Uma conquista daquelas grandes, que chega até assustar, sabe?
Deu certo mesmo? Tem certeza? Só acredito vendo! Vi e continuou difícil de acreditar.
Mas eu não me senti só feliz. Fiquei assustada, aliviada, com medo, fazendo mil contas lógicas e exatas sobre o que fazer depois disso.
Na verdade, a felicidade só veio depois, aos poucos. Conforme eu fui me acostumando com a ideia e vendo que era real, e principalmente, me apropriando dela. Porque se apropriar das nossas conquistas também não é uma tarefa tão fácil como possa parecer.
“Acabou! Agora posso descansar. O caminho até aqui foi longo."
Logo, a inadequação veio me visitar.
“Eu deveria estar me sentindo mais feliz."
Bem na real, acho que a felicidade é idealizada. E até nisso, a gente acha que é insuficiente.
Mas a gente sente aquilo que é possível sentir.
Está tudo bem viver enquanto a felicidade não chega.
Deixa ela vir, devagarzinho. E vai construindo um espaço interno para receber e sentir ela, quando chegar, independente da hora.
Não vamos estar também colocando regras na felicidade, por favor. Já tem regra demais em coisa demais na nossa vida.
Se a gente entrar nessa de ter protocolo até para sermos felizes, então não tem mais jeito. Quero ser abduzida!
Obrigada por estar aqui. Se esse conteúdo de alguma forma fez sentido, ficarei feliz e honrada em saber como repercutiu em você. 🤍